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Ou a gente escreve ou essas coisas vão ficar perdidas no tempo para sempre. Eu costumo dizer que as coisas e os fatos existem enquanto nos lembramos deles. Quando não há mais quem se lembre, eles simplesmente desaparecem, e é como se nunca tivessem existido. Aqui ficam registradas portanto, algumas façanhas do pequeno João Pedro, hoje com 15 anos, meu irmãozinho caçula tão querido e extremamente paparicado. Os posts vão até o ano de 2004, quanod o JP tinha 6 anos.

Thursday, August 14, 2003

O bom e velho prato de lentilhas

Tarde de segunda feira. Exatos uma hora e 50 minutos separam uma aula da outra ali no CCAA Imbuí. Meu amadíssimo irmão caçula estava na cidade para ir ao médico. Eu, a otária, desbanderei-me do Imbuí Plaza ao Shopping Iguatemi num buzu lotado, naquele intervalo de 110 minutos, para ver a criança. Um abraço e um beijo arrancados a força “KD meu abraço?!?!?!” “E meu beijo?!?!?!” Brincamos, entramos no consultório juntos, brincamos mais um pouco.
Passa o tempo e faltando apenas 15 minutos para entrar em sala, eu anuncio de coração partido, que devo partir.
“Ah, não! Você não vai!” Protestou o guri. “não vai!”
“Tenho que ir. É meu trabalho!”
“Não vai trabalhar agora.”
Pedi uma carona pra mamãe, que revelou não ter planos de deixar o shopping tão cedo. “Quero dar uma merenda pro teu irmão.”
E o meu irmão como um índio enlouquecido pulava ao meu redor gritando “Fica Vika! Fica Vika! Fica Vika!”
“Se não fosse dar merenda pro teu irmão eu bem que podia sair daqui agora e te levar.”
“Fica Vika! Fica Vika! Fica Vika!”
A questão tornou-se muito prática: era o lanche ou a carona. Mamãe chamou o indiozinho tupi. “Decida-se João Pedro – Vika ou a merenda?”
Ele, sem titubear “MERENDA!”
No primeiro instante em estado de choque apenas percebi risos ao meu redor.
Num segundo instante recobrando os sentidos percebi o quanto um prato de lentilhas ainda vale mais que uma irmã. Em apenas três palavras resumo a situação: “Ok, tchau, gente!”
Vika, 13 de agosto de 2003