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Ou a gente escreve ou essas coisas vão ficar perdidas no tempo para sempre. Eu costumo dizer que as coisas e os fatos existem enquanto nos lembramos deles. Quando não há mais quem se lembre, eles simplesmente desaparecem, e é como se nunca tivessem existido. Aqui ficam registradas portanto, algumas façanhas do pequeno João Pedro, hoje com 15 anos, meu irmãozinho caçula tão querido e extremamente paparicado. Os posts vão até o ano de 2004, quanod o JP tinha 6 anos.

Tuesday, October 15, 2002

Eis a melhor:

E O VENTO LEVOU

Era uma noite de março de 2002. Nosso irmão do meio, Leandro, já estava em São Paulo, no seminário. Eu tinha ido à UEFS fazer meu exame médico. Minha mãe ficou de ir buscar-me, e por algum motivo demorou mais que o previsto. Quando chegou, junto com um amigo, começou a brincadeira, “Nós procuramos seguir suas pegadas, mas não encontramos.”
E eu, “Ah, gente, o vento deve ter levado.”
O pequeno, que até então ouvia calado, perguntou: “Vikinha, o que são pegadas?”
Respondi, “Pegadas, filhinho, são as marquinhas que o pé da gente deixa no chão quando a gente passa.”
“E por que o vento levou?”
“Porque o vento leva as coisas, aí ele leva a areia e apaga a marca que ficou no chão.”
Silêncio.
“Ô, Vika, o vento leva tudo?”
“... Tudo não. Leva muita coisa.”
“Leva a folha?” , “Leva.”, “Leva o papel?”, “Leva.”, “Leva brinquedo?”, “Se você deixar à toa e não for muito pesado, leva sim.”
Silêncio.
“Vika, o vento leva o som?”
“O som, meu filho?... O som? ... Leva... Leva sim.”
Eu não pude até então compreender a profundidade dessa pergunta. Após alguns segundos de silêncio ele disparou pela janela do carro:
“LÉÉÉO!”